Postagem rápida pra disponibilizar um RPG que bolei num momento de hiperfoco em arte medieval: Coelhos & Castelos, um jogo sobre coelhos medievais tentando tomar o poder.
sábado, 22 de fevereiro de 2025
terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
Passei um ano para ler a história sem fim e ela pareceu realmente ser sem fim
Imagem meramente ilustrativa: um coelho medieval armado com um revólver porque no mundo de Fantasia ele faria sentido. |
Já devo ter comentado anteriormente que estava tentando (sem sucesso) retomar meus hábitos de leitura, ano passado comecei a ler A História sem Fim, aquele mesmo, do dragão cachorro.
Meu objetivo era: ler pelo menos um livro esse ano pra voltar a me considerar um leitor. Mas talvez tenha sido uma escolha amaldiçoada começar logo com um título desses. Só consegui terminar o livro em dezembro.
Não que o livro seja ruim, longe disso, mas tem sido difícil pra mim manter o interesse em uma atividade por um período mais longo, em algum momento se eu parar de dar atenção eu acabo deixando de lado. É um dos motivos também de eu ter me afastado das redes esse meu problema com foco.
Mas vamos falar da História sem Fim. O livro conta a história de Bastian, um garotinho que adora livros e leitura e que tem problemas com bullying na escola, seja por causa de outros alunos ou até professores que o diminuem por causa de sua aparência.
Fugindo de alguns Bullys, Bastian vai parar em uma livraria onde furta o livro entitulado A História sem Fim, nesse momento conturbado e tomado pela culpa, ele se esconde no sótão da escola e começa a ler o livro, fugindo da sua realidade que tem causado tanto desconforto.
O livro divide o texto em duas cores: uma pra realidade de Bastian e a outra pra o conteúdo que ele lê no livro. Então passamos a acompanhar a leitura de Bastian e suas reações e questionamentos.
A história sem fim conta a história de um mundo chamado Fantasia, um mundo repleto de seres mágicos e reinos fantásticos, é um mundo bastante diverso e sem fronteiras. O único ponto de referência e o que seria a região central de Fantasia é a Torre de Marfim, onde vive a Imperatriz Criança. Ela é a maior autoridade deste mundo, embora não tenha esse papel de imposição de autoridade aos povos de Fantasia. Mas todos os seres a respeitam e sabem sua importância para Fantasia: se a Imperatriz Criança morre, Fantasia morre junto. Nesse momento o mundo de Fantasia é assolado por uma força destruidora chamada de Nada, uma escuridão profunda que surge em vários pontos do mundo consumindo tudo e todos. Ao mesmo tempo, a Imperatriz está doente e não há nada que nenhum dos sábios e médicos de Fantasia possa fazer.
A única solução é enviar um escolhido pelo Aurin, o amuleto símbolo da Imperatriz, em uma jornada em busca de uma resposta para como salvar Fantasia, o encarregado dessa missão é um garoto chamado Atreiu, ele deve partir sem armas em direção às desconhecidas e vastas fronteiras de Fantasia.
Tem uma metáfora bem evidente aqui nesse livro, a Imperatriz Criança e Fantasia sao uma alusão a criança e o deslumbre pelas obras de fantasia, quando uma criança perde o interesse pela leitura os mundos de fantasia deixam de existir. Nesse sentido, acredito que o cenário de Fantasia funciona perfeitamente para um jogo de RPG, é possível até encarar Fantasia como um mundo universal, onde todas as histórias de fantasia convergem. A medida que eu lia, o pensamento que todo jogador de RPG deveria ler esse livro vinha na mente com frequência. Até surgiu a ideia de adaptar o "Jornadas através de Dominam" do Tarcísio Lucas para jogar aventuras em Fantasia, queria experimentar fazer isso em algum momento.
Fica aí a recomendação.
sábado, 21 de dezembro de 2024
Brincar de RPG
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Imagem meramente ilustrativa: Bilbo de boas fumando enquanto Gandalf vem mudar a vida dele para sempre. |
sexta-feira, 18 de outubro de 2024
Aqui e de volta outra vez
Saudações leitores! Esta talvez seja mais uma tradicional postagem anual aqui neste blog ou não, não se sabe ainda, mas ando pensando em retomar a regularidade aqui. Li no BluesSky que os jovens estão resgatando o uso dos blogs, seja por nostalgia da internet dos anos 2000 ou por um ambiente mais personalizado e controlado sem o imediatismo das redes sociais (como a internet foi um dia). Isso me deixou com vontade de escrever essa postagem. Agora, neste momento em que escrevo eu estou fugindo da sobrecarga de informação das redes sociais, ou pelo menos tentando reduzir o uso (até apaguei os aplicativos do celular). Só o ZAP já tem estímulos o suficiente pra fazer a gente ficar checando ele o dia todo, imagina isso acompanhando meia dúzia de redes sociais, lá se vão horas do seu dia. A meta é dar uma reduzida nesses estímulos, não irei sumir, mas irei tentar falar mais aqui no blog.
Mas vamos falar de RPG né, acho que é um bom jeito de escapar desse nosso mundo de estímulos digitais, seja pra outro mundo seja pela raiz analógica da coisa (não sei vocês, mas eu prefiro rolar dados físicos e rabiscar com papel e lápis quando eu jogo, não me adaptei muito bem ao jogo digital ainda). De uns tempos pra cá eu adquiri alguns jogos independentes maravilhosos e ainda não tive a oportunidade de testar todos eles e de algum modo queria falar sobre eles, dito isso, trarei ao Masmorras & Malucos minhas impressões e relatos de aventuras testando esses jogos.
Por enquanto é isso, até a próxima e obrigado por ler até aqui.
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Imagem meramente ilustrativa se Sauron de fato fosse um ser meio "sauroide" |
quinta-feira, 13 de julho de 2023
Criando um jogo utilizando inteligência artificial
Decidi experimentar essas tais inteligências artificiais de texto, embora eu tenha algumas ressalvas quanto a forma que elas serão utilizadas pelas grandes corporações e etc., elas ainda são ferramentas poderosas, MUITO PODEROSAS, pra auxiliar na escrita, e como eu não tenho dedicado tanto tempo assim para a escrita, quis experimentar usar uma pra criar um jogo de RPG solo. Na verdade, acabou virando mais um journaling game, um jogo de diário bem simples como vocês vão ver.
Eu tinha uma premissa, queria fazer um jogo sobre mini magos de marte inicialmente, mas depois pensei em um nome melhor e batizei esses seres de Miudin (miudinho). A premissa era a seguinte:
Miudins são minúsculos seres mágicos que vivem em uma dimensão paralela a nossa onde tudo é possível, alguns dizem que eles vem do mundo dos sonhos, ou do mundo da imaginação, mas o fato é que eles existem e podem ser invocados para nossa realidade.
Neste pergaminho você terá todas as instruções para realizar o feitiço de invocação de um Miudin, assim como estabelecer um laço de comunicação com ele e acompanhá-lo na sua jornada.
Minha inspiração pra eles são de alguns jogos de video game que joguei recentemente e meio que me apaixonei pelo conceito de seres pequenininhos e esquisitinhos presentes neles: os alienzinhos vegetais de Pikmin, os seres esquisitos que vivem nas ondas de wi-fi de Denpa Men e o príncipe e seus primos em Katamari.
Então usei o ChatGPT pra me ajudar a criar o jogo, o primeiro prompt foi com a premissa e pedidos de sugestões para criação se um jogo minimalista usando apenas d6. Inicialmente, o chat me deu dicas bem genéricas para estruturas de jogo já bem conhecidas pra quem é familiarizado com RPG. Então eu acrescentei outros elementos ao jogo, um diário e uma câmera, inspirado no magnífico Tiny Wanderer.
Basicamente eu fui dando as ideias e pedindo sugestões e junto com a ferramenta fomos criando um jogo aos poucos, é um processo bem interessante e gerou alguns resultados que curti bastante, mas nem todas as sugestões do chat foram adotadas, queria algo mais simples e minimalista pra testar mesmo.
Algo que percebi ser muito útil é a geração de tabelas, usei duas no jogo, uma de eventos, sugeridas pelo chat e uma de magias baseadas em cores, a ideia das cores foi minha mas deixei o chat criar as magias e o resultado foi bem legal.
Sem mais delongas, baixe o protótipo do jogo Diário dos Miudins abaixo.
BAIXAR |
Futuramente, pretendo aprimorar o jogo, fazer umas ilustrações e lançar uma versão definitiva. Sinta-se a vontade para testar o jogo se for do seu interesse.
segunda-feira, 16 de maio de 2022
Atualizações: tirando a poeira do blog
Saudações 1d4 leitores deste velho blog de RPG que já possui mais de 10 anos entre hiatos de meses ou anos, mas segue vivo e imprevisível. Hoje venho aqui trazer algumas atualizações do que ando aprontando relacionado a RPG, o que não é muita coisa pra falar a verdade. Entra ano e sai ano e eu continuo prometendo a mim mesmo que vou melhorar meus hábitos de leitura e escrita, mas com tantas distrações da vida moderna algumas coisas acabam ficando de lado, infelizmente. Tem muito a ver com que foco você tem naquele momento, então é bom aproveitar quando a vontade vem, e hoje, decidi escrever aqui um pouco pra tentar alimentar o hábito.
A verdade é que eu não jogo RPG já faz um tempo, tirando algumas partidas perdidas de RPG Solo aqui e ali, mas meu interesse pelo joguinho não terminou e venho desenvolvendo alguns micro jogos de uma página que ja compartilhei com vocês aqui anteriormente.
Meu último joguinho se chama Deidê Dagrow, em alusão ao D&D da Grow, o queridinho dos brasileiros da velha guarda, e foi uma revisão do Deidê Biéques, também uma brincadeira com o D&D B/X, outro favorito da turma da OSR. Ele é uma versão minimalista de uma página que usa apenas 1d6 para resolver todas as jogadas e usa uma mecânica similar aos jogos Powered by Apocalypse, com graus de sucesso e fracasso no resultado, mas bem simplificada. É um jogo bem simples e deixa muita coisa a cargo do mestre e dos jogadores. Mas a mecânica base base funciona bem ao meu ver e já foi testada e aprovada por algumas pessoas da comunidade do RPG Solo no facebook.
domingo, 22 de agosto de 2021
O dia em que a minha avó inventou o RPG
Olá 1d4 leitores deste blog que se recusa a perecer em meio ao universo infinito em expansão de informações cada vez mais ininterruptas e inconstantes, hoje começo a postagem com essa citação da wikipedia:
"Pós-verdade é um neologismo que descreve a situação na qual, na hora de criar e modelar a opinião pública, os fatos objetivos têm menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais."
Hoje o consumo de informação é tão assustadoramente grande que a gente mal para pra decodificar o que tá passando ali na nossa frente, nas telas dos nossos dispositivos tecnológicos de comunicação. O jornalismo já entendeu isso e aposta nas click-baits, os políticos já se sentem a vontade nesse contexto através da disseminação de fake-news pra criar sua própria versão da realidade. Enfim, tem se tornado cada vez mais raro o questionamento das informações que recebemos, tendo em vista que a gente precisa estar atualizado um pouquinho sobre tudo e o fluxo não para.
E se a informação tem todo um apelo emocional, ou ainda, se parte de alguém em quem confiamos, aí é que a coisa fica pior, a gente que mora aqui no Brasil cansou de ver alguma tia falar que "mas quem mandou essa mensagem foi fulana da família, que é de confiança". E quando é algo que a gente gostaria muito que fosse verdade então? Sai espalhando pra todo mundo o fato curioso ou a solução milagrosa de uma pandemia. Tem sido assim nos últimos anos na internet.
Sim dave, e o que isso tudo tem a ver com RPG e com a sua avó? Bom, recentemente eu me deparei com uma interação curiosa no grupo Solo RPG do Facebook, em que o Tarcísio Lucas trouxe uns manuscritos do Dostoievski e comparou com os registros de gameplay que costumamos fazer no RPG Solo e ainda brincou: "e se , Distoiesvski ainda jovem viajou no tempo até nossa época, conheceu o RPG solo, voltou pro passado, e escreveu tudo que escreveu a partir de jogatinas solo?" e em resposta, o Tiago Junges comentou: "acho que Dostoevsky que criou o RPG (como solo), e o Gygax que descobriu o manuscrito e plagiou.(E acabou estragando misturando com wargame)"
Então surgiu na minha cabeça uma ideia pra uma JAM, coisa que eu jamais teria iniciativa se não fosse a liberdade que sinto dentro do ambiente da comunidade do RPG Solo, que incentiva a criatividade e interação dos membros e já promoveu diversas JAMs com participação super ativa da galera. Batizei a JAM de O RPG ORIGINAL e propus o seguinte exercício de criatividade: criar um sistema e uma narrativa que justifique a origem do seu sistema como se ele fosse o RPG original. Utilizando técnicas de simular envelhecimento do papel (café, fogo nas bordas, etc), usar datilografia, o que preferir. Tudo que faça a gente acreditar que o seu sistema facilmente poderia ser o elo perdido do RPG.
Como exemplo, inventei uma narrativa de que, supostamente, minha avó teria criado um método de redação que se assemelha muito aos jogos de RPG e fiz no computador mesmo usando uma fonte cursiva e uma imagem de papel antigo, não chega a ser um sistema completo, mas a ideia da JAM é por aí. E então comecei a espalhar o "manuscrito da minha avó" em diversos lugares da internet, no twitter, em outros grupos de RPG do facebook, no reddit, em servers de RPG no discord...como se fosse verdade.
A repercussão do suposto manuscrito foi curiosa e me levou a refletir e escrever esse texto aqui. Claro, a ideia da JAM parte do princípio que a origem do RPG é meio incerta, o fato é que o D&D se originou nos anos 70 derivado de wargames e dos tais free kriegspiel, mas é difícil determinar com certeza se é ele o inventor da fórmula lúdico-narrativa que o jogo faz uso, há relatos de jogos estilo LARP que datam da União Soviética, 100 anos atrás. Então, o que impede, de uma professora do interior do Brasil ter criado um método de narrativa compartilhada para ensinar redação para os seus alunos? Paulo Freire poderia facilmente ter pensado em algo assim, concorda?
Um dos comentários mais curiosos que vi, foi de um rapaz da gringa dizendo que pretende usar o método da minha vó em sala de aula e pra mim isso já foi o suficiente pra brincadeira ter valido a pena. Isso e os jogos incríveis que o pessoal da comunidade do RPG Solo vai criar como se fossem o RPG ORIGINAL.
Pra quem não me conhece, sou assim.
Enfim, é uma brincadeira inofensiva, peço perdão a todos que ficaram felizes em descobrir que o RPG foi "inventado" por uma professora de literatura do interior, mas a realidade é que mais verossímil: minha vozinha, já falecida, era analfabeta, viveu sua vida no interor, de fato, mas não chegou a frequentar a escola, como boa parte dos seus conterrâneos em um contexto de seca no interior da Paraíba.
Mas fica aqui a reflexão, na era da pós-verdade todo dia é primeiro de abril.
Obs.: No momento que termino de escrever esse texto uma pessoa se manifestou no twitter desconfiada da fonte (que foi muito elogiada pelos desavisados como uma bela caligrafia). Mas meu amigo Ravi foi o primeiro a perceber que era falso e me mandou uma mensagem questionando.
A fonte da bela caligrafia é a RESPONDENT |