Eu nunca levei o RPG a sério, quero dizer, não no que diz respeito a ele como “coisa séria”, como ser usado pra educação, psicologia, socialização, etc, mas deixemos isso pros acadêmicos.
Não é incomum você entrar nesses grupos de RPG e ver longas discussões sobre diegese e agência do jogador e naturalismo gygaxiano, blablabla e tanto pretenso intelectualismo ao redor de um jogo de rolar os dados fingindo ser outra pessoa, enquanto improvisa uma história.
Livros de RPG de fantasia sombria e outros cenários “adultos” parecem também se levar muito a sério quando, na prática, os jogadores estarão dando risada na mesa fazendo alguma piada boba no meio do jogo. Na mesa de jogo, tudo vira uma divertida brincadeira.
Então, se o RPG no final não deixa de ser uma brincadeira, por que não tratá-lo como tal? Não estou aqui querendo impedir que você filosofe sobre o RPG, busque o jeito iluminado de se jogar e faça longos ensaios sobre, jamais. Mas meu jeito é não levar a sério o RPG, o negócio é feito pra brincar mesmo.
Gosto de comparar RPG com o brincar de fazer de conta e, principalmente , o brincar de bonequinho, você comanda seu personagem e improvisa um contexto pra aventura dele ali, na hora, cria antagonistas e, numa espécie de simulação de um programa de TV com seus heróis favoritos, se diverte. No RPG é igual, há até quem use miniaturas no seu jogo, afinal.
Não pretendo entrar aqui nas questões de estudos lúdicos sobre o que é jogo e o que é brincadeira, até porque me falta bagagem no tema pra discuti-lo com propriedade, mas costuma-se dizer que no jogo, há regras. Porém, as regras no RPG não são tão importantes assim, quando se tem a figura do mestre que pode mudá-las em prol do divertimento do grupo. Inúmeros manuais de regra de RPG dirão algo semelhante a isso: se as regras estiverem no caminho da diversão, crie outra ou ignore, isso é meio que unânime no meio. RPG é um jogo, mas é um jogo livre, então eu diria que está mais perto da brincadeira, afinal de contas.
Mas não leve a sério o que escrevi aqui, aprendi a jogar com 3D&T, um RPG de paródia. Dito isso, já há algum tempo que tenho lido bastante sobre RPG e acompanhado diversas discussões, mas a minha conclusão, particularmente, é essa: vamos brincar de RPG tal qual uma criança brinca de boneco, improvisando e misturando histórias, sem se levar tão a sério e, acima de tudo, se divertindo.
Imagem meramente ilustrativa: Bilbo de boas fumando enquanto Gandalf vem mudar a vida dele para sempre. |